segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O que fazer com Jesus Cristo? (Parte 1).

“O que fazer com Jesus Cristo?”. Esta é uma questão que tem, em certo sentido, um lado desesperadoramente cômico. A figura de uma mosca sentada decidindo o que vai fazer com um elefante possui elementos cômicos. Pois a verdadeira questão não é sobre o que nós vamos fazer com Jesus Cristo, mas o que Ele vai fazer conosco. Contudo, talvez, o questionador quis dizer o que fazer com Ele no sentido de “como resolveremos o problema histórico a nós lançado pelos ditos e feitos registrados desse Homem?”. Esse problema envolve reconciliar duas coisas. Por um lado, tem-se a quase geralmente admitida profundidade e sanidade de Seu ensino moral, que não é muito seriamente questionado, mesmo por aqueles que se opõem ao Cristianismo. Na realidade, acho que, quando estou discutindo com pessoas extremamente anti-Deus, elas preferem fazer o seguinte apontamento: “Sou inteiramente a favor do ensino moral do Cristianismo” – e parece ser de aceitação geral que, no ensino desse Homem e de Seus seguidores imediatos, a verdade moral é exposta da maneira mais pura e melhor. Não é idealismo desleixado, é cheia de sabedoria e argúcia. O seu todo é realista, revigorado ao mais alto nível, o produto de uma mente sã. Este é um fenômeno.

O outro fenômeno é a natureza muito espantosa dos comentários teológicos desse Homem. Todos vocês entendem o que digo, e quero realmente ressaltar o ponto de que a afirmação espantosa que esse Homem parece fazer não é feita meramente em um momento de Sua carreira. Há, é claro, aquele momento que levou à Sua execução. O momento em que o sumo sacerdote Lhe disse: “Quem és tu?”. “Eu sou o Ungido, o Filho do Deus eterno, e me verás aparecendo no fim da história como o juiz do Universo”. Mas tal afirmação, de fato, não termina nesse momento dramático. Quando se olha para Sua conversa, será encontrado esse tipo de afirmação presente em toda a história. Por exemplo, Ele caminhava dizendo a pessoas: “Eu perdôo os teus pecados”. Ora, é bastante natural que um homem perdoe algo que se faça a ele. Assim, se alguém me trapaceia em cinco libras, é bastante possível e razoável para mim dizer: “Bem, eu lhe perdôo, não tocamos mais no assunto”. O que você diria se alguém a você devesse cinco libras e eu dissesse: “Tudo bem, eu perdôo a ele”? Daí, parece que algo curioso escapa quase por acidente. Em uma ocasião, esse Homem está sentado em um monte observando Jerusalém e de repente surge um extraordinário comentário: “Sempre vos envio profetas e sábios”. Ninguém comenta sobre isso. No entanto, muito repentinamente, quase incidentalmente, Ele está afirmando ser o poder que, pelos séculos, tem enviado sábios e líderes ao mundo. Eis aí outro comentário curioso: em quase todas as religiões existem desagradáveis observâncias como o jejum. Esse Homem, de repente, comenta em certa feita: “Ninguém precisa jejuar enquanto eu estiver aqui”. Quem é esse Homem que observa que Sua mera presença suspende todas as regras normais? Quem é essa pessoa que pode, de repente, dizer à Escola que eles podem ter um período de meio-feriado? Às vezes, as declarações propõem a suposição de que Ele, o Orador, é completamente sem pecado ou culpa. Essa sempre é a atitude. “Vós, para os quais eu falo, são todos pecadores”, e Ele nunca, sequer remotamente, sugere que a mesma reprovação pode ser dirigida contra Ele. Ele diz novamente: “Sou o unigênito Filho do Único Deus; antes que Abraão existisse, Eu sou” (e lembre-se o que as palavras “Eu sou” significavam em hebraico. Eram o nome de Deus, que não devia ser falado por qualquer ser humano, nome que, se declarado, condenava à morte).

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