terça-feira, 12 de junho de 2012

Utilidade.


-Por que você acha que ele é cego? –perguntou um deles.
-Ele deve ter pecado.
-Não; é culpa da família dele.
-Jesus, o que você acha? Porque ele é cego?
-Ele é cego para mostrar o que Deus é capaz de fazer.
Os apóstolos sabiam o que vinha a seguir, pois já tinham visto aquela expressão no olhos de Jesus. Sabiam o que Ele iria fazer, mas não sabiam como. “Relampago? Trovão? Um grito? Palmas?” Eles esperaram.
Jesus começou a mover a sua boca. Os demais assistiam.
“O que Ele está fazendo?” Ele movia a mandíbula até que obteve o que queria. Cuspe. Simplesmente saliva.
Se ninguém fez isto, alguém deve ter pensado “Urg!”
Jesus cuspiu no chão, colocou o dedo na lama e mexeu.
Logo, aquilo se transformou em uma espécie de torta de lodo, e Ele espalhou um pouco dessa mistura sobre os olhos do homem cego.
AquEle que transformara uma vara em um cetro e um seixo em um projétil, agora transformava saliva e lama em ungüento para o cego.
Uma vez mais, os simples elementos do mundo se tornaram grandiosos. O inerte tornou-se divino, o comum tornou-se sagrado. Uma vez mais, via-se o poder de Deus não por meio da habilidade do instrumento, mas pela sua disponibilidade.
“Bem-aventurados os mansos”, explicou Jesus. Bem-aventurados os que estão disponíveis. Abençoados sejam os condutos, os túneis, as ferramentas. Mais do que felizes são aqueles que acreditam que se Deus usou varas, pedras e cuspe para fazer a sua vontade, então Ele também pode nos usar. 

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